terça-feira, 5 de agosto de 2008

A cooperação de proximidade (Local)


É um facto. A Grande maioria da Humanidade está mais interessada na riqueza material do que na ética ou na moral!

Assim sendo, a diferença entre “o que é e o que devia de ser” (se fosse como nós achamos que devia) é como da noite para o dia.

O que devia de ser resta sendo a nossa utopia, mas, até por isso, – “para que o Mundo pule e avance como bola colorida nas mãos duma criança” – é nosso dever permitir que eles, os sonhos, nos mostrem caminhos para a vida.

Isto para tornar claro que, embora saibamos que as boas práticas de cooperação estão longe de ser uma realidade generalizada nas intervenções de Desenvolvimento Local, (e por isso), defendemos a necessidade de continuamente insistir na pedagogia da acção conjugada, na importância de combater o protagonismo individualista, nas vantagens decisivas de agrupar, juntar, unir, coordenar esforços, e… evitar os perigos fatais do isolamento, da acção pessoal isolada pelo segredo, da tentativa de desunir para reinar, da falta de concepção, programação e execução conjuntas, etc.

Ao falar de COOPERAÇÃO, queremos dar a esta palavra a maior abrangência possível. Queremos, em última análise, falar da capacidade de cada um, para encontrar em si o respeito e o reconhecimento pelos outros.

COOPERAÇÃO dentro e entre pessoas e instituições da BIS a todos os níveis, mas também com as pessoas e instituições de outras regiões, de outros Países.

Cooperar é como SEMEAR ou PLANTAR… só semeando ou plantando se PODE colher, independentemente da época da colheita.

É o que pretendemos fazer… semear, plantar, até que as forças e os meios permitam.



“Cooperação entre “desiguais”

“Quem tem poder, tem sempre medo de o perder!”
(diz o Joaquim Alberto na sua “carta de Paris”)


É, quem tem poder; qualquer poder, pequeno ou grande, real ou imaginado, em primeiro lugar preocupa-se em o conservar e, para tal, sente “naturalmente” a necessidade de controlar constantemente o uso que do “seu poder” fazem aqueles com quem se relaciona, não vá esse poder diluir-se ou passar-se para mãos alheias!

A obsessão da conservação dos poderes pessoais é um “vírus” que ataca com muita frequência os “líderes” de pequenas ou grandes equipas em todas as áreas da actividade humana (subserviência para cima, arrogância para baixo), provocando lentamente, mas quase sempre irremediavelmente, a progressiva destruição da capacidade e auto-confiança colectivas, e, por fim, o desaparecimento daquilo sobre o qual o “líder pretendia exercer o poder”.

Raramente se encontram Líderes capazes de compreender que a mais segura e duradoura forma de conservar “naturalmente” o seu poder é fazer da permanente partilha de poderes, a base da cooperação solidária indispensável ao fortalecimento das próprias lideranças.

Esta talvez seja a mais difícil e importante forma de cooperar, a cooperação entre situações de desigualdade de poderes. Embora os fins das diferentes formas de cooperação sejam idênticos (atingir o mais eficazmente possível os objectivos previamente definidos), nesta cooperação, os meios utilizados alteram a qualidade e a natureza social do produto dela resultante.

Nestas circunstâncias, pratica-se uma forma superior de cooperação, porque quem a proporciona e pratica é suposto poder impor uma relação de submissão, e não o faz. Não o fazendo, por defesa inteligente e esclarecida dos seus interesses e respeito pelos que com ele partilham a luta pelos objectivos em questão, revela superior compreensão das virtualidades duma relação de cooperação, preferindo-a a uma relação de imposição.

Nesta situação, já não se trata de cooperar por necessidade evidente de juntar forças para ser mais forte ou competitivo, trata-se, isso sim, de partilhar saberes e responsabilidades capazes de gerar motivações partilhadas e lideranças democraticamente consentidas pelo reconhecimento consensual dos seus genuínos valores.

Foto: Pedro Martins

Descarregue PDF da Revista Viver 9

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