sexta-feira, 8 de maio de 2009

Fé e ruralidade, um casamento tradicional em processo de extinção?



O Director
António Realinho


Nas Comunidades Rurais, ainda hoje, graças à idade da maioria das suas populações, prevalece de maneira bem generalizada a crença de que tudo quanto acontece neste mundo corresponde à vontade de DEUS.

Se a vontade de Deus é que soframos a CRISE, - “seja feita a sua vontade e seja o que Deus quiser”- por isso, as reacções dos rurais às dificuldades da vida sempre foram mais condescendentes, mais resignadas, mais crentes na impossibilidade de se opor aos divinos desígnios.

Com a entrada de “pregadores” de muitos credos e cores casas a dentro das famílias rurais, através da rádio e da televisão, a situação vem-se alterando mas, por paradoxal que pareça, esta “pregação”de alguns dos mais ambiciosos aspirantes a Deuses, por falaciosa, trapalhona e enganadora, tem contribuído para diminuir a confiança nos homens e reforçar a fé em DEUS.
Num Deus, nem sempre o mesmo, mas sempre Ente Supremo justo e bom, reinando com imparcial rigor sobre os destinos de todos nós, nunca sujeito às pressões dos mais poderosos em prejuízo dos mais humildes e ou oprimidos.

É esta Fé feita da sublimada obediência à omnipotência de Deus que concorre para minorar o sofrimento e alentar a coragem das comunidades rurais, permitindo-lhes enfrentar esta e todas as crises da vida com maior serenidade e esperança.

Graças à crise e ao tratar deste tema, pude usufruir do raro privilégio de escutar atentamente, e ficar a melhor conhecer, três personalidades de excepção, cujas vidas, por diferentes razões, são dignas de nelas atentarmos como exemplos da dedicação e persistência devotadas às suas causas (às suas fés).

Foram eles:
O Senhor Bispo de Portalegre e Castelo Branco, homem de Fé em Deus mas também nos Homens com quem se sente solidário quando estes não se perdem na ambição de deixar de ser humanos, pretendendo alcançar a essência do divino. Homem atento e de lúcida compreensão para os problemas das pessoas, sejam elas crentes ou não.

O Senhor Professor António Martins da Cruz, Reitor da Universidade Lusíada, extraordinário exemplo de Beirão e Pedagogo, educador emérito, impulsionador de novas abordagens baseadas em princípios e métodos fundados na assunção da responsabilidade inerente ao usufruto da Liberdade, ideias e teses com que tem vindo a influenciar positivamente sucessivas gerações de estudantes, ao longo de toda uma vida dedicada ao ensino superior.

O Senhor José Ribeiro Henriques, fundador da CENTAURO. Neste homem, de origem humilde e rural, encontramos bem patentes as características próprias das pessoas moldadas por tenazes e persistentes combates pela vida. Dessas pessoas que, sem grandes condições à nascença, não se resignam à pobreza do berço e, pragmaticamente, vão à vida, dela fazendo a sua riqueza e a sua realização pessoal.

À visão estratégica e ao engenho e arte deste homem, ao seu espírito empreendedor e disponibilidade para a inovação tecnológica, devemos (a economia Da BIS, da região e de Portugal), a grande empresa internacional que é hoje a CENTAURO
e, para além dela, o desenvolvimento e credibilidade da industria do frio em Portugal.


Descarregue PDF da Revista Viver 12

A nossa Fé…



O Editor

Camilo Mortágua


Ser Editor não é ser “fazedor” dos conteúdos duma revista. O Editor está para a revista como o médico está para a criança nascida de cesariana. Cuida de A dar à luz do vosso interesse e possível admiração, mas obviamente não lhe compete o prazer e esforço da sua fecundação, essa é uma tarefa que desejamos partilhada pelo maior número possível de “Pais”.

Mesmo assim, este número, embora à partida se antevisse “um parto difícil”, deixou-nos a satisfação própria dos projectos bem sucedidos. O grande tema escolhido – “A Crise e a Fé” revelou-se suficientemente apelativo para interessar um diversificado leque de pessoas a participar da sua “criação”.

Toda a equipa está satisfeita e agradecida a quantos contribuíram para esta entrega que agora vos fazemos. Estamos convencidos que a decisão de nos ler será compensada pela satisfação de se sentirem mais conhecedores das diferentes formas de pensar de muitas das pessoas que nos rodeiam e que são detentoras de responsabilidades e poderes que, de uma ou de outra forma, têm que ver com as nossas próprias vidas.

É deveras gratificante poder contar com a dedicação e inteligência dos colaboradores que nos honram com o seu trabalho.

Voltamos a inserir a rubrica “ Inovadores e Pioneiros”, para poder preencher uma lacuna até hoje em aberto, reconhecendo o mérito daquele que talvez mereça a distinção e o título de “Pioneiro de todos os Pioneiros da BIS” – José Ribeiro Henriques, fundador da CENTAURO.
Também inserimos nas páginas deste número, na “Tribuna da Cidadania”, uma entrevista com uma personalidade natural da BIS, de há muito pensada, Homem de extenso percurso cívico e conceituada e reconhecida competência ao serviço da educação superior em Portugal e não só, o Prof. Doutor. António Martins da Cruz, reitor da Universidade Lusíada.

Pela oportunidade de conhecer o pensamento do novo Bispo de Portalegre e Castelo Branco, neste tempo de angustiantes incertezas morais e materiais, entendemos ser importante atentar nas suas palavras, para melhor compreendermos a pluralidade de pensamento duma instituição como a igreja católica.

Por tudo isto, gostaríamos que o conjunto destas páginas não constituísse “mais uma revista”. Pretendemos que cada número da VIVER constitua um documento que se guarda, como coisa de culto, e ao qual se volta sempre que nos vem à memória um assunto nela tratado. Talvez seja demasiada pretensão da nossa parte, mas é com esse objectivo que, número a número, cuidamos de a “dar à luz” o mais limpinha e sã possível.


Descarregue PDF da Revista Viver 12