sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

Sobre PARCERIAS


CM
Foto: Pedro Martins

Uma das grandes dificuldades para o correcto funcionamento de uma parceria, talvez mesmo a maior, a necessitar de contínuo trabalho e grande experiência, é a de transformar as naturais e legítimas contradições de interesses, em contradições de dinâmica positiva e convergente.

É por isso que pretender meter tudo no mesmo saco; imaginar que é praticável confundir uma parceria de âmbito sub-regional com uma parceria efectivamente local; imaginar que representantes da Administração Pública e os dirigentes e técnicos das organizações da Sociedade Civil estão preparados e têm condições objectivas para trabalhar em parceria; apregoar voluntariosamente a criação de PARCERIAS, desinteressando-se da formação dos parceiros; exigir a apresentação formal de listas de parceiros sem ter a possibilidade material de verificar porque processo de participação/formação é que se adquire essa qualidade; exigir retoricamente qualidade, autenticidade e transparência no funcionamento das parcerias, sem afectar a cada uma os recursos indispensáveis ao justo pagamento do trabalho que a assistência e dinamização duma parceria implicam; é…, para todos os efeitos práticos, a demonstração evidente de que quem concebe e enquadra políticas e programas baseados em PARCERIAS não acredita na possibilidade de serem cumpridas as exigências qualitativas que faz, aceitando, por vezes, a sua defeituosa ou perversa existência, sem consequências para os “fingidores”, gerando-se assim uma tácita cumplicidade entre controladores e executantes, baseada em sub-entendidos que permitem que a maioria das PARCERIAS existentes não passem de PARCERIAS DE PAPEL.


Descarregue PDF da Revista Viver 11

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