sexta-feira, 31 de outubro de 2008

Migrações: A sua importância para o Desenvolvimento da BIS


1. Em quase todas as aldeias e vilas da BIS, há famílias que vivem ajudadas pelos migrantes. Pelos seus que emigraram e vão mandando alguns euros para completar as magras reformas, ou pelos que para cá vieram e ajudam os idosos que ficaram nos trabalhos que faziam os que partiram!Em quase todos os lugares da BIS, dos mais pequenos aos maiores, há comércios abertos, sobretudo cafés e pequenos super-mercados, criados por ex-emigrantes. Comércios e lugares que ajudam a animar as pequenas terras e a diminuir a aceleração do seu despovoamento.

2. Muitos dos líderes e activistas mais dinâmicos das colectividades locais, culturais e desportivas, ganharam essa sensibilidade e experiência, esse gosto pelo trabalho associativo, nas associações das comunidades portuguesas da emigração, estimulados por um certo e inconfessado “peso de consciência” por ter abandonado a Pátria. Lá fora, participar na “Associação portuguesa” é uma forma de sentir a Pátria perto de si; uma maneira de compensar o sentimento de ausência e de se sentir mais seguro entre iguais. Por isso, quase todos os nossos emigrantes, de uma forma ou de outra, são activistas associativos!

3. Entre os mais esclarecidos autarcas da BIS, muitos foram emigrantes e ganharam lá fora, em contacto com sociedades democraticamente mais evoluídas e consolidadas, o gosto pela actividade política, pela gestão da vida pública e pela participação cívica.

4. Há quem estime em mais de 500 mil o número de pessoas, naturais da BIS, que se sentiram compelidos a emigrar para poder sobreviver com alguma dignidade e conforto, ao longo dos últimos 50 anos. Em parte, o impacto negativo dessa hemorragia demográfica está bem visível na nossa paisagem rural, embora para a situação actual tenham contribuído outros factores de política interna.Este é sem dúvida o nosso maior “prejuízo”; mas, as migrações, nunca são só prejuízos ou ganhos. Há sempre desvantagens e vantagens.Os ganhos culturais e tecnológicos, científicos e empresariais, obtidos pelas pessoas que emigraram, nunca teriam sido possíveis com os nossos costumes e meios. Também os trabalhadores emigrantes, a todos os níveis, têm feito e estão fazendo os seus “ERASMUS”. E isto é um incalculável benefício a ter em consideração.

5. Os contributos das migrações para o Desenvolvimento da BIS, positivos e negativos, têm sido contributos auto-decididos e sem nenhuma ou muito pouca intervenção dos responsáveis pela governação da BIS e/ou do País. Parece-nos indispensável mais “pedagogia activa” para motivar maiores benefícios. Nós limitamo-nos, na medida das nossas possibilidades, a procurar contribuir para que o tema mereça maior atenção da parte dos poderes públicos e da sociedade civil organizada locais, a fim de podermos evoluir para outros patamares de acção pró-activa e muito menos passiva, ou neutra, em relação à optimização dos resultados que, para a BIS, se podem obter dos movimentos migratórios do presente e do futuro. Esta a razão essencial para trazer a conhecimento público opiniões e depoimentos sobre o tema.


Descarregue PDF da Revista Viver 10

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