sexta-feira, 18 de abril de 2008

Qual o “local” do nosso desenvolvimento?


Desde que se começou a falar em Desenvolvimento Local, em França nos inícios dos anos oitenta do século passado, que a discussão sobre a definição do que seria “Um local de Desenvolvimento” se tem mantido acesa e actual, sem que, em nosso entender, se tenha chegado a uma definição internacionalmente consensualizada. De país para país, as compreensões sobre o que de facto possa ser entendido como “ Desenvolvimento Local” variam muito. A maior das diferenciações verifica-se entre os países de origem latina e os de matriz cultural anglo-saxónica.

Ao debruçar-nos sobre a preparação deste número da VIVER, tendo por grande tema o turismo e as mais aconselháveis estratégias para a sua valorização em favor do Desenvolvimento Local da BIS, a questão do “LOCAL”, sempre recorrente, insinuou-se, mais uma vez, como questão a ser chamada para esta conversa com os leitores.

O Eng. Goulart Carrinho, um Homem bom e inteligente, primeiro responsável pelo programa LEADER em Portugal, fez doutrina ao insistir que “UM LOCAL de Desenvolvimento é um espaço a geometria variável (grande ou pequeno), onde a maioria das pessoas que nele habitam, são capazes de chegar a acordo sobre objectivos comuns e sobre a forma de os alcançar”- nós pensamos que esta é a melhor das definições sobre ( O “LOCAL” do Desenvolvimento Local ).
Por isso nos dedicamos, com obstinada persistência, à tarefa de ajudar a criar as condições para que a Beira Interior Sul – BIS, possa vir a ser um “LOCAL” de Desenvolvimento.

Para que tal possa vir a acontecer, (longo será o caminho) sentimos ser necessário conhecer-nos muito melhor, de Monfortinho a S. André das Tojeiras, de Meimoa à Foz do Cobrão, de Salvaterra do Extremo ao Ninho do Açor, de Aranhas a S. Vicente da Beira, de um extremo ao outro da BIS, governantes e governados irmanados pelo propósito comum de desenvolver a Beira Interior Sul, tudo teremos a ganhar se soubermos melhor “juntar os nossos trapinhos” por uma causa comum.

Para que possa haver desenvolvimento, a palavra-chave é “UNIR". “SEPARAR” é a palavra-chave do subdesenvolvimento!

Desde o aparecimento do Programa LEADER, já lá vão uns largos 15 anos, que a importância do turismo para o Desenvolvimento Local em espaços rurais foi bem identificada.

Bem cedo se chegou à conclusão, quer na Comissão Europeia, quer nos Estados membros, que o turismo era um vector indispensável ao Desenvolvimento Local em meio rural. Em alguns casos, chegou-se ao exagero de o considerar a via salvadora do declínio dos territórios rurais! Acabou por prevalecer o bom senso de considerar que o turismo, lato senso, como actividade compósita de todas as actividades naturais e humanas, é indispensável ao D.L., como elemento aglutinador de todas as potencialidades de um território, mas… impotente ou frágil, quando destinado a utilizar apenas algumas dessas potencialidades e a servir apenas os interesses de alguns.

Camilo Mortágua
Editor-geral

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