terça-feira, 12 de fevereiro de 2008

Um grande pedagogo, reconhecido, reverenciado… mas esquecido?


António Sérgio de Sousa (03/09/1883 a 24/01/1969)


“Educar uma criança enviando-a à actual escola (1915) é como preparar um automobilista metendo-a no museu dos coches reais.”


"Vemo-nos afogados em um mar de doutores, e não temos talvez dez indivíduos capazes de construir as mais simplices máquinas de agricultura e de indústria... A consequência deste estado de cultura intelectual, falsa, inexplicável e violenta, é que as muitas esperanças mentidas, as muitas ambições recalcadas, todos os anos arremessam para a arena dos bandos civis centenares de corações generosos, que insofridos ante um prospecto de miséria se arrojam às lides políticas, para perecerem ou prearem no cadáver defecado do património da república.

O certo é que a realidade pedagógica continuou sendo a do século XVIII no seu espírito e objectivo: fazer escribas, desembargadores e rimadores; e por falta de uma escola de trabalho (a única adequada às reformas de Mousinho) a nação atolou-se nos empréstimos e revolveu-se em lutas políticas cuja mola fundamental era o assalto ao emprego público".

Extracto de um texto de António Sérgio, de 1915, editado pela Renascença Portuguesa, na colecção "Biblioteca da Educação".