Dedicamos este número à reflexão sobre um tema que, em tempos de “vacas magras” como o que estamos vivendo, se torna assunto recorrente de todas as conversas.
Como é costume dizer-se “a necessidade aguça o engenho”.
Concordamos. Mas, a necessidade extrema… pela angústia que origina, é má conselheira!
Ouvem-se, como sempre, a propósito da aplicação e aproveitamento dos “dinheiros vindos da Europa”, portanto também vindos daqui mesmo, desta Europa que também somos, as mais diversas opiniões: umas razoavelmente fundamentadas, outras, autênticos disparates típicos das conversas de papagaios repetidores para passar tempos vazios.
Infelizmente, poucos são aqueles que, conhecedores das normas e práticas de aplicação dos financiamentos públicos nacionais e europeus, se dão ao trabalho de as dar a conhecer e explicar.
Quem já alguma vez recorreu ao apoio destes “fundos” sabe das dificuldades que a sua utilização por vezes ocasiona. A ilusão configurada por aquele velho aforismo de que “a cavalo dado não se olha o dente” não corresponde minimamente à realidade. Com os dinheiros vindos da Europa, não há cavalo dado! Na maior parte dos casos, é preciso pagar do bolso próprio metade do animal, ter a carroça e garantir a ração e a palha para que ele não morra, de contrário “vai tudo por água abaixo”.
Na ADRACES, que tem vindo a gerir a aplicação de alguns escassos fundos provenientes da U.E., segundo planos e regras previamente estabelecidas e aprovadas pelos organismos centrais e regionais do nosso País, conhece-se bem quanto custam as ditas comparticipações e os “desfasamentos”no cumprimento de compromissos assumidos pelas autoridades de tutela.
Senhores desta experiência de quase 20 anos, continuamos a pensar que o trabalho de Desenvolver (desembrulhar?) as pessoas que residem e labutam no território objecto da nossa acção tem que passar por uma pedagogia de resultados necessariamente lentos de “educação para o desenvolvimento”a que alguns chamam de “mudança de mentalidades”.
Esforçamo-nos por cumprir esse objectivo estratégico. A VIVER, sendo parte integrante desse trabalho, transcende a dimensão regional, atraindo, de fora para dentro, competências, vontades e meios indispensáveis ao alcance dos nossos objectivos.
“INTELECTUAIS”?
Alguém, a quem lamentavelmente não podemos agradecer por ter querido guardar o anonimato, critica-nos, elogiando-nos.
Dizendo que estamos intelectualizando-nos.
O essencial da questão é que, para o bem e para o mal, é a maneira de usar o intelecto para prever e planificar o que distingue os Humanos das outras espécies.
A evolução da Humanidade assenta, não só mas essencialmente, no aumento progressivo da utilização do intelecto.
Por isso, não nos parece lá muito coerente pensar que o “desenvolvimento” da BIS, ou de outro qualquer território, se possa fazer sem que as pessoas que nele habitam aumentem progressivamente a sua “capacidade de compreender” a sua inteligência.
Sem que as pessoas sejam estimuladas a usar O INTELECTO como usam as pernas, as mãos, os ouvidos e/ou os olhos, sem esquecer obviamente o coração… a começar por nós próprios, não há evolução, estagnamos e acabamos matéria inerte.
Esta é a essência nuclear da acção de “Desenvolver”.
Conservando os sentimentos inerentes ao amor, à paixão e à solidariedade, esforcemonos por compreender melhor, não só a BIS como o Mundo. Sejamos mais inteligentes, intelectualizemo-nos! Sim, aqui na VIVER, fazemos por isso.
O Editor
Camilo Mortágua
Descarregue PDF da Revista Viver 13
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1 comentário:
Você é um ratão
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