sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

Coesão SIM...Individualismo NÃO


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É esta a principal razão da existência desta revista.
Se ainda existissem dúvidas, neste número reafirmamos, de forma que julgamos clara, que a causa primeira da nossa acção e motivação é a de ajudar a unir as pessoas e as instituições públicas e privadas, em torno de objectivos comuns para este território provisoriamente designado por BIS.
Segundo uma já antiga definição, o “desenvolvimento” só é possível lá onde as pessoas são capazes de se unirem para atingir objectivos comuns.
É nisto que estamos empenhados, sem desânimos nem pressas. Após 13 números dedicados aos mais variados temas sectoriais, chegou a vez de assumir o combate central pelo desenvolvimento da BIS, o da sua COESÃO para que o seu desenvolvimento seja possível.
Temos consciência da lonjura do caminho a percorrer, das incompreensões que iremos defrontar, das atitudes de cepticismo a combater, dos tradicionais egoísmos descabidos e primários a ultrapassar… temos consciência disso, mas não desistimos!
Não desistimos, porque estamos convictos da razão que nos assiste e estimulados pelas inúmeras vozes que incitam a continuar.


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A BIS não é uma invenção nossa. A nível europeu, é uma das unidades territoriais em que a Europa está dividida. Não só por essa razão, mas também por ser uma sub-região coerente e contígua, com história, tradições e hábitos culturais idênticos. A VIVER e a ADRACES são, por vontade dos autarcas dos seus quatro municípios, um projecto que importa manter vivo e evolutivo, capaz de oferecer às suas populações a mais eficaz das ajudas ao seu desenvolvimento e à melhoria significativa dos seus níveis e condições de vida. Sem descurar a valorização de todos os outros temas que possam contribuir para o prestígio deste território aquém e além fronteiras, estamos empenhados em alargar a todas as Aldeias, Vilas e Cidades da BIS a mais ampla discussão relacionada com a ideia da COESÃO destes quatro municípios, sob uma só designação e imagem.
A nossa maior responsabilidade não é a de operacionalizar a ideia procurando transformá-la em projecto; a nós compete-nos trabalhar aqui na VIVER e lá fora para que cada vez seja maior o número daqueles que estarão disponíveis e dispostos para ajudar a tornar possível essa ambição estratégica.


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Neste número encontrareis ainda, se à sua leitura se prestarem… um excelente texto sobre o futuro da política rural europeia da autoria de um professor e investigador universitário francês de há muito ligado às questões do desenvolvimento rural, cartas de vários pontos do globo e notícias – opiniões de muitos cantos do mundo, úteis para o enriquecimento sobre os nossos conhecimentos do tempo e do modo em que vivemos…
Encontrarão igualmente (coisa que consideramos muito importante), as opiniões de pessoas da BIS emitidas durante as “conversas da VIVER com…”.
Boa leitura. E um 2010 repleto de mudanças… sobretudo de nós próprios para com os outros.

Camilo Mortágua 
O Editor

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Que futuro para a política rural Europeia?


Esquecida do Tratado de Roma, parente pobre da Política Agrícola Comum – PAC, dominada pelo “URBANO” na política de coesão, a política rural europeia, será ela enfim reconhecida? Ou continuará a ser espremida entre uma PAC agrícola e uma política de coesão preocupada com os espaços urbanos e a competitividade das empresas? Ou poderá ocupar um lugar próprio e a parte inteira nas políticas territoriais
europeias, já anunciadas? Se os territórios rurais não ocupam mais do que 20% da população, eles abrangem mais de 70% do espaço europeu, e num contexto de grande desafio ambiental (aquecimento, energia, água, segurança alimentar) e demográfico, desempenharão um papel primordial na União Europeia do futuro.
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Jean Charles Lollier[Maître de conférence Associé Université de Bretagne Ocidentale (Brest)]
Tradução livre: C. Mortágua



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As práticas de governação exemplarmente democráticas... são a "Mãe" do Desenvolvimento Local e da Coesão Social dos territórios

É em relação a elas que todos os indicadores devem ser ponderados. Partindo do princípio de que a implantação dessas práticas é um objectivo a atingir, tal como o é o próprio desenvolvimento!
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Lopes Marcelo

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A Coesão Social da Beira Interior Sul

Debates na BIS

Palavras Ditas...


Póvoa de Rio de Moinhos

“Ainda falta um longo caminho por percorrer até que autarquias, instituições e pessoas acreditem que este território pode ter uma identidade”.


“E vê-se também que as próprias famílias não querem cooperar. É como se o mal do outro fosse melhor para mim do que lutar pelo bem comum”.


“A coesão social não se constrói por decreto; a coesão social constrói-se trabalhando em comum. Quando se trabalha ao lado do outro, faz-se coesão social”.


“Penso que tudo se agrava, quando há muito pouca gente capaz de cooperar em conflito. Não somos ensinados nem estimulados a desenvolver o exercício da cooperação conflitual”.


 


Meimoa

“Aqui mesmo dentro da BIS, podia funcionar aquele slogan: «Vá para fora cá dentro», que
tem sido utilizado a nível nacional, mas que nós podemos aproveitar para aplicar ao nível da Beira Interior Sul”.


“Eu penso que não é aí que esbarra. Infelizmente, muitas são as justificações para as coisas que não funcionam bem. Bruxelas e a Europa têm umas costas largas. Todos nós, quando queremos, sabemos
dar a volta ao texto”.



“O poder vem do voto. Onde há pessoas, há votos; onde não há pessoas, não há votos. Onde não há votos, não há poder. Ou seja, a nação tem cerca de 230 deputados. Dos 230 deputados que fazem as leis neste país, 180 pertencem aos distritos do Litoral. Os distritos do Interior, todos juntos, e mais Açores e Madeira, colocam pouco mais de 50. Que poder temos nós?”.


“Desde que a actividade agrícola permita um bom nível de vida ao agricultor, igual ao do vizinho que
trabalha no escritório, estou convencido de que muita gente sobrevivendo à volta de Lisboa e das grandes cidades quererá voltar para a terra. E, muito provavelmente, a grande crise de desemprego iria diminuir significativamente”.




Zebreira

“Se o trabalho no campo fosse pago a 1500 euros por mês, até se matavam uns aos outros para ocupar o lugar”.


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terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

Coesão - Alertas e Interrogações!



1. METODOLOGIA. Depois de uma dúzia de números da VIVER, em que ficaram explanadas variadas contribuições de análise, diagnóstico e prognóstico da situação desta nossa faixa de território raiano (causa, quadro actual, e perspectivas futuras), tornase agora como foco e em síntese a coesão (territorial, social, económica, política e cultural). De facto, a questão da coesão é composta de um mosaico de múltiplas variáveis que interagem e convergem nas dinâmicas (positivas e negativas) da realidade que nos rodeia. Tentando mudar o prisma da análise e voltar a focar as principais vertentes e variáveis que condicionam a nossa evolução colectiva como zona geográfica concreta, inserida no país e na própria União Europeia, hoje sigo uma metodologia de análise diferente, formulando algumas teses em forma de interrogação e alerta.
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Lopes Marcelo

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sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

Desenvolvimento Rural: Primeiro as pessoas!



Não há que negar! Décadas consecutivas de desenvolvimento urbano-metropolitano levaram a modificações drásticas nos meios rurais, devido à emigração de boa parte dessas comunidades para esses novos motores
económicos, atraída pela possibilidade de um melhor e mais rápido êxito profissional, deixando, em consequência, núcleos rurais cada vez mais despovoados e envelhecidos. E um território despovoado e envelhecido fica mais desvitalizado. Se nada for feito, pode entrar, irreversivelmente, numa trajectória
descendente, em virtude do abandono das actividades económicas e a progressiva deterioração, no plano cultural, da sua imagem e identidade.
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Domingos Santos
[Docente do Instituto Politécnico de Castelo Branco (IPCB)]



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quarta-feira, 23 de setembro de 2009

"O Desenvolvimento Local é muito mais uma atitude cultural que um conjunto de projectos" [Goulart Carrinho]

1.Em vésperas de dar início à implementação de um novo Programa de Apoio ao Desenvolvimento Rural (ver páginas 33/34/35), quisemos trazer para “grande tema” do presente número da VIVER, a questão sempre polémica dos dinheiros (Fundos) da Europa para apoio ao financiamento do Desenvolvimento Rural do País e cá da BIS.

Dizemos – “questão sempre polémica”,mesmo tendo consciência de que, infelizmente, são muito poucos os que se interessam seriamente pelo assunto. De resto, ao que nos é dado observar, “interessar-se seriamente por um qualquer assunto” não é coisa que agrade à maioria das pessoas, sejam elas rurais ou urbanas. Entre nós, é muito mais comum “mandar bocas” sobre tudo e mais alguma coisa, mesmo sobre aquilo a que nunca prestamos atenção.

Ouvem-se sobre a questão dos “dinheiros da Europa” muitas “bocas” e poucas opiniões fundamentadas em conhecimento real do assunto: – “é uma vergonha, um regabofe, é só para os amigos, é só para pagar uns quantos tachos, quem precisa não vê nenhum, etc. etc., ou – é tudo fantasia, só promessas, querem é “lixar-nos” a vida obrigando-nos a ficar com dívidas aos Bancos, andam todos ao mesmo…”

Estas são algumas das “vozes” mais recorrentes. Quem já foi ajudado cala-se, até faz questão de que não se saiba.

Quem já tentou e não conseguiu, sem querer saber da razão, reage maldizendo do “sistema e daqueles que são julgados os “donos” do dinheiro”… é natural.

Cada pessoa é que sabe por que reage da maneira que o faz, porém, acreditamos que a maioria não sabe até que ponto é verdadeiro aquilo que julga saber; não é fácil, nem natural, ter-se a exacta noção da própria ignorância. O desconhecimento sempre foi causa de grandes incompreensões e conflitos. Por isso, aqui estamos, à procura de mais conhecimentos para melhor nos podermos entender.


2.
Ainda há por cá quem pense que os fundos europeus se destinam a ajudar os pobrezinhos! Que o orçamento da União Europeia (U.E.) é uma espécie de caixa de esmolas! Nada mais errado. A aplicação dos dinheiros da Europa, dos dinheiros provenientes dos impostos pagos pelos
cidadãos da Europa, portanto também por nós portugueses, tem de ser feita com regras, regras muitas vezes demasiado complicadas e pouco perceptíveis para aqueles que são os mais interessados na sua utilização, mas regras às quais os Países membros da União, as Instituições públicas e privadas e as pessoas, têm de obedecer, sob pena de serem julgadas e punidas pelos seus actos.


3.
À luz da experiência destes quase 20 anos a servir de intermediária na gestão de programas europeus de apoio ao desenvolvimento rural, a ADRACES está convicta da enorme
importância destes programas para ajudar a diminuir o ritmo do despovoamento e da degradação ambiental do nosso território.

Sem o apoio dos fundos afectos aos diferentes programas utilizados, sem o trabalho de tanta gente sinceramente devotada a este combate, a situação económica e social da BIS e do País seria extremamente pior.


4.
Como em todas as situações e actividades humanas, teria sido possível aproveitar melhor os fundos que foram atribuídos ao País, se tivéssemos uma Administração Pública juridicamente configurada de outra maneira, mais descentralizada, mais próxima das necessidades e limitações de cada território local concreto.

A elaboração de políticas de âmbito nacional aplicáveis da mesma forma a todo o país, a apreciação mecanicista e centralizada dos projectos sem ter suficientemente em atenção as características dos territórios da sua aplicação, limitou o impacto de muitas dinâmicas locais conseguidas quase sempre à custa do trabalho persistente de autênticas devoções às causas do desenvolvimento das suas “terras” de nascença ou de opção de vida.


5.
Mas… nós todos, também os que destas ajudas não necessitamos ou pensamos não necessitar, temos neste assunto a nossa parte de responsabilidade. De uma maneira demasiado generalizada, desinteressamo-nos a todos os níveis de participar das discussões e negociações,
locais, regionais, nacionais e europeias, onde estes assuntos se debatem. Como em tantas outras coisas, deixamos comodamente que os outros pensem e decidam por nós, depois cá estaremos para os julgar! Mas será tarde… é sempre tarde, quando descansamos à espera do resultado
do trabalho dos outros.

Pela nossa parte, procuramos participar e acompanhar, sempre que possível, os momentos em que se discutem as questões que a todos nos dizem respeito. Da vida de uma Colectividade Local até às magnas reuniões europeias, passando por uma Junta de Freguesia, ou por uma reunião regional ou nacional, sentimo-nos no dever e com a obrigação de dizer aquilo que pensamos e de escutar o que os outros pensam. Nos próximos dias lá estaremos em Berlim para participar no início das discussões sobre a definição do próximo orçamento da União.

O Director
António Realinho



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